quarta-feira, 7 de agosto de 2013

cap 3

nua

em um cortejo desvairado
pelo calor da tua ausência

embalada por notas de metais
e goles fúnebres

desejos subjugados
domesticados 

passos lascivos me guiam

pernas hesitantes;
abertas

te esperam.

Nua

goles fúnebres

embalada por notas de metais

quarta-feira, 10 de julho de 2013

louise - parte 982

louise tentava continuar a caminhar. a distância lhe sorria sarcástica. amarga. trôpega. os olhos dos transeuntes a atacavam como dentes cegos. lhe arrancavam a roupa.
abaixava os olhos para não desviar.
o mais difícil é caminhar sem saber para onde voltar. o mais simples era saber que não precisaria voltar.
o fim. cristalino e mórbido. podre de velho.

o sangue que escorria pelo canto da boca era vitória. o liquido daquele monstro corcunda e impróprio. a lâmina insegura por onde ela quis se segurar.
depois de muito louise se viu livre
tirou as botas.
soltou os cabelos.
a rua.

dezenas olhavam Louise. que sorria. para o eterno

quarta-feira, 3 de julho de 2013

758 parte XVII

maquiadas; pelas calçadas mijadas 
fantasiosas, dos sonhos magistrais 
a solidão moradora da sabedoria 
e o culto ao milagre andarilho
paralítico 


nas esquinas, sobras de nada
restos de ninguém
apenas, poeiras brancas, 

excitantes
instantes inteiros caminham

por elas, 

eternamente molhadas

segunda-feira, 24 de junho de 2013

dos sonhos

por mim que isso termine logo. acabe com tudo. Que morra sozinho.
pelas flores largadas, chore. Pelo tempo perdido, pelos cresceram.
Dos sonhos, restaram lantejoulas quebradas.
Brilhos ofuscados. Os pulsos, de tão clichê, foram cortados.
Portas entreabertas e nenhum resto de nós.
Ratos passeiam por entre o vício do seu cheiro
E seres monstruosos me afundam.
Eu rendo um tímido sorriso e nenhuma vontade de continuar

Os céus, de vermelho se partiram

fim

esmagadora de fumaças, rasgo essa história de ímpeto. 

segunda-feira, 11 de março de 2013

para ele que me lê

de presente minha solidão.
cola na tua.
amarra minha tristeza na sua insensatez.
me procura no resto dos sonhos que conhecemos.
nas sobras de quem fomos.
cola minha prisão na tua vocação anistiada.
no teu corpo que caiu
em cima
do meu
medo
de
viver.

domingo, 10 de março de 2013

ensaios dos teus seios

paisagens vermelhas. já estive aqui e senti todos esses prazeres mórbidos.
dedilho o tempo que passou.
fendas ainda marcam minhas areias. e ainda me calo quando abro as pernas.
leio seus ensaios.
escorro, sinto a pele quente e luto contra o pulso.
absorvo palavras silenciosas e calo aos berros seus sorrisos mudos..
escrava de passos passados. condenada aos sonhos em lençóis impiedosos
arrancaria seus olhos com aquele velho broche de ouro
e junto ao meu peito dilacerado, descansaríamos

quinta-feira, 7 de março de 2013

bite me

em troca, os braços mordidos, navegando na trilha enferrujada que escorria pelos seus pelos
evocarei os sonhos, as promessas. nosso culto em busca de um deleite veloz que falsamente me preenchia. cria em fantasias reais. penas. consumia carnavais perenes. plenos.
nas nossas fronteiras costuramos pesadelos. e era acalento.
prolongo a dor, porque de tudo foi o que restou. me faz ser nós. te despenca em mim e me arrepia.
espasmo que me traz à vida. caminha de mãos dadas ao que me aniquilou.
flagelo lustrado e ânsia pela fricção
busco tons de lilás em olhos alheios e saberei quais são os seus.
conheço o corte causado por sua lambida áspera. a espessura do liquido que escorre entre as pernas.
arrebentado os laços procuro construir nós com o resquício de nossas vísceras.
digerindo estranhos. continuo aqui, na mesma esquina.
prefiro apodrecer ao seu lado.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

2602

e é tudo uma grande caminhada rumo ao fim.
meu.
seu e mais do que sempre, nosso
antes de mais nada, tudo.

me dá um cigarro, um abraço
e fim.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

sobra

sempre falta algo.
sempre.
falta algo.
algo falta, sempre.
sempre falta.

sempre sobra vazio. v a z i o. sobra vazio. sempre vazio.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

sons de branco


restos de coisas nenhuma.                                                                   sombras de ninguém. corcundas da anunciação subitamente se erguem. paranoicos.                                                                                         me desfiz depois de engolir aquela meia dúzia de tentativas raivosas.             só gemidos sórdidos me trilham.                                                           entre a sujeira deixada e o caos da minha sanidade impiedosa.
sua comida está sangrando dilacerada.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

o blues que me tem

as noites de blues me aconchegam. me levam a um lugar que é raiz e voo.  me lembram porque e me questionam. posso parar ou caminhar léguas. e me fazem ter certeza de que sou a mesma. mas estou muito diferente. no final de tudo, sou uma garota do interior interessada em ouvir almas. e nada como o blues.