quinta-feira, 1 de março de 2012

dor - parte 103

esgotei. não foi preciso vasculhar para encontrar esse monte de nada. por aqui, sujeira branca, espelhos quebrados e a falta do ar. lagartos sorrateiros passeiam e tecem meus olhos.
espero pelo seu último e longo suspiro, rápido e curto demais
balas são cuspidas pelos seus olhos
lembro do cheiro do gosto
e a beleza na nudez de uma alma aflita
maldita
que grita
por mais
um pouco
de paz.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

natimorto

pensar em você é como parir um poema . sofrido e que me arromba as entranhas. me estoura as vísceras, arrebenta por dentro. mas depois de expelido, mães invariavelmente lambem suas crias. mesmo sujas e gosmentas. nojentas aos olhos de quem não sente. ninguém passa impune a um parto. é preciso lidar com o feto não abortado. o pensamento nascido. e a conseqüência do filho da dor. é preciso sobreviver ao pensamento em você.

presença que falta

restos de coisas nenhuma. sombras de ninguém. corcundas da anunciação subitamente se erguem. paranoicos. e nada mais faz sentido depois de engolir aquela meia dúzia de tentativas raivosas. só gemidos sórdidos me trilham. a sujeira deixada e o caos da minha sanidade impiedosa.                               seu alimento está sangrando dilacerado.
fendas facas e fuidos

mate-me por favor