quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cheers


Acabou a dor. A angustia e o medo.
Secaram as lágrimas, encerrou-se o pranto.
Aquele nó desatou.  Foi-se a agonia. O tremor e o terror.

Acabou o sonho. O prazer e emoção.
Fim do tiro, mocinho e ladrão.
Encerrou o gargalhar sem cessar. Acabou a graça. Perdeu-se a vontade.

Sobrou o respirar, o acordar e alimentar. No mais, é um excesso de branco e um monte de coisa nenhuma.
Não há mais dor, nem vida.

Um brinde a sertralina.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

tempo

meses nós. meses sós. nesses quandos.
noites, resíduos e di(a)mantes
corpos cópulas copos




quebrem esses vidros e partam minh'alma
me livrem 
daqui 
algumas
horas.  
nas horas atrás do tempo que estancou, meu sangue.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

mais

sinto muito 
esse excesso está me tirando o sentido.
eu sinto o que já não sentia.
sinto medo
sinto muito.

você não sente e ninguém te vê.

cambaleando
custo a cair em mim.

de olhos vendados

os olhos desviam do que parecia certo e desejado. o castelo se faz, do mesmo ângulo tenebroso e excitante. me faz convite.
desejos que ficam pela metade, não são, e assim, sabiamente me protegem e me deixam a salvo.
naquele porto.
seguro-me.





"Ah, se ao te conhecer. Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios. Rompi com o mundo, queimei meus navios. Me diz pra onde é que inda posso ir."

terça-feira, 17 de maio de 2011

parte 786

os peitos lhe doíam
eram mãos que lhe apertavam,
ou queria que fosse
quando abriu os olhos, chorou
onde iria dar aquela história nenhuma
até quando lhe doeria viver ou lhe emocionaria sobreviver?

seu José, do alto de seu balcão, avisou.
-Menina, quando você chegou, era a mais bela desse lugar. Você morreu. Ninguém te vê mais.

Acizentei-me, pensou. realmente as coisas não estavam fáceis.

A menina, nem tão menina assim, sentou e tomou num gole só seu último conhaque.
e
do copo vazio para o dia seguinte
os buracos da sua vida são bem maiores que os daquelas ruas

por mais um vez, perdeu os sentidos - deviam eram ir embora os sentimentos - desmaiou

lembrou dos sonhos, daqueles de quando era menina de verdade.
de viver dourado, de andar de salto e ter batom.
de conhecer amor

golfou e engoliu
não se sabe o que

viver apesar da vida
pesadelar, apesar dela

era preciso continuar

segunda-feira, 16 de maio de 2011

aline

quando foi que me perdi?
morri
que parei
do pouco que vi, lembro-me daquelas vitrines vazias
eu não passei
ou ninguém me viu?


li alguém que não gosto. me emocionou,  me questionei e chorei. hora de dormir.

nada

a superficialidade é o que ainda me resta

não te leio, nem te chego perto.
te calo e me mudo
não me sonhe
não me coma
não me use

as lâmpadas estão acessas, mas tudo está desligado

não me afunde
preciso do seu ar

quinta-feira, 7 de abril de 2011

depois das 3

se choro,
são pelos versos que se desgarram naqueles instantes
não nos sonhos,
antes.

terça-feira, 22 de março de 2011

medo

Nos perdemos naquele excesso estéril
Passaram-se meses comigo fincada em superfícies
Não doeu
Mas não vivemos

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

é seu

que você me sonhasse crua
te dançaria muda
me consuma a lua
te daria -
sua


me sonhe dançando
te falo beijando
me seja o sol
que te faço o mal

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

QUINCAS BORBA - CAPÍTULO XLV



Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida...

Machado de Assis

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

vazio

Naquele instante  desistiu de procurar caminhos
Entregou-se como nunca ao não querer
Despiu-se  de fardos pesados
E lambeu dos beiços os restos daquelas ânsias amargas;

Não desejava nada.

Caminhou nua,
Soltou os cabelos e cumpriu, mesmo sem saber, todos os clichês do abandono
Tinha por companhia, um cigarro e um pouco de gim
E deitou-se nos restos do amanhã incerto;

deitou-se
para nunca mais.