louise tentava continuar a caminhar. a distância lhe sorria sarcástica. amarga. trôpega. os olhos dos transeuntes a atacavam como dentes cegos. lhe arrancavam a roupa. abaixava os olhos para não desviar. o mais difícil é caminhar sem saber para onde voltar. o mais simples era saber que não precisaria voltar. o fim. cristalino e mórbido. podre de velho.
o sangue que escorria pelo canto da boca era vitória. o liquido daquele monstro corcunda e impróprio. a lâmina insegura por onde ela quis se segurar.
depois de muito louise se viu livre tirou as botas. soltou os cabelos. a rua.
de presente minha solidão. cola na tua. amarra minha tristeza na sua insensatez. me procura no resto dos sonhos que conhecemos. nas sobras de quem fomos. cola minha prisão na tua vocação anistiada. no teu corpo que caiu em cima do meu medo de viver.